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Foto do escritorGrupo de Estudos em Transtornos do Movimento

A descoberta da alfa-sinucleína (Dra. Maria Grazia Spillantini)


A Dra. Maria Grazia Spillantini, professora da Universidade de Cambridge, é conhecida por sua descoberta em 1997 de que a alfa-sinucleína é um componente importante dos corpos de Lewy, agregados proteicos encontrados no cérebro de pessoas com doença de Parkinson e demência com corpos de Lewy. Ela explica em entrevista com o Dr. Tiago Outeiro, publicada no Podcast da International Parkinson and Movement Disorders Society em abril de 2023, que a descoberta foi feita como parte de um projeto paralelo em que estavam trabalhando para identificar as modificações pós-translacionais da proteína tau nos emaranhados neurofibrilares da doença de Alzheimer. Eles criaram anticorpos contra extratos cerebrais de pacientes, mas descobriram que um dos anticorpos também reagia com dois componentes menores de peso molecular diferente, que foram identificados posteriormente como a alfa e beta-sinucleína.


Os pesquisadores identificaram que a alfa-sinucleína é o componente principal dos filamentos que formam os corpos de Lewy e que esses filamentos são a espinha dorsal dos corpos de Lewy. Eles não mediram a porcentagem exata de alfa-sinucleína em um corpo de Lewy, mas estima-se que cerca de 90% do conteúdo seja alfa-sinucleína. No entanto, a Dra. Spillantini acredita que o termo "componente principal" é mais relevante do que "componente major" porque sem os filamentos de alfa-sinucleína, não haveria formação de corpos de Lewy.



Maria Grazia Spillantini é Professora de Neurologia Molecular na Universidade de Cambridge, tendo recebido sua Laurea em Ciências Biológicas Summa Cum Laude pela Universidade de Florença. Ela lidera um grupo de pesquisa focado na neuropatologia molecular de doenças como a doença de Parkinson e demência com corpos de Lewy. A Dra. Spillantini recebeu vários prêmios internacionais por suas realizações na pesquisa de doenças neurológicas e é membro da Royal Society de Londres e da Academia de Ciências Médicas de Londres. Fonte: https://spillantinilab.medschl.cam.ac.uk/professorial-profile




A Dra. Spillantini também discute a importância dos pequenos agregados sinápticos de alfa-sinucleína e sua relação com a disfunção da liberação de dopamina e outros neurotransmissores. Ela sugere que esses pequenos agregados podem ser mais relevantes para a disfunção sináptica do que os corpos de Lewy, que perturbam a região do corpo neuronal. Além disso, ela enfatiza que é importante entender se a toxicidade causada pela alfa-sinucleína é devido aos agregados ou à perda de função quando a proteína se agrega.


Ao final da entrevista, a Dra. Spillantini destaca a necessidade de responder à pergunta se é relevante reduzir a expressão de alfa-sinucleína para evitar a formação de agregados ou se isso pode afetar negativamente a função normal da proteína. Ela sugere que a redução da expressão de alfa-sinucleína pode não ser eficaz se os agregados ainda se formarem e a proteína com estrutura terciária preservada ainda for necessária para a função normal do neurônio. A pesquisa futura precisa abordar essa questão crítica para desenvolver terapias eficazes para a doença de Parkinson e outras doenças neurodegenerativas relacionadas à alfa-sinucleína.


Referência:


History of Movement Disorders: The Finding of Alpha-Synuclein and Lewy Bodies

24 de abril de 2023

Episódio:112 Série: História dos Distúrbios do Movimento


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