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Estudos epidemiológicos sobre a doença de Parkinson em Minas Gerais, Brasil


O aumento da incidência da Doença de Parkinson (DP) e do parkinsonismo na população em envelhecimento destaca a necessidade de estudos epidemiológicos rigorosamente desenhados. Esta revisão contrasta dois estudos fundamentais conduzidos em Minas Gerais, Brasil— o Estudo de Bambuí e o Estudo Pietà—com o objetivo de fornecer uma análise abrangente da prevalência e considerações etiológicas da DP e parkinsonismo em contextos demograficamente diversos.




Introdução


A Doença de Parkinson (DP), um distúrbio neurodegenerativo, manifesta-se como uma tríade de sintomas motores—bradicinesia, rigidez e tremor. À medida que a demografia global se inclina para um espectro de idade mais avançada, o impacto na sociedade e na saúde pública da DP torna-se cada vez mais proeminente. O Brasil, um país com demografia diversa, oferece um terreno fértil para investigar a epidemiologia da DP. Dois estudos distintos, o Estudo de Bambuí (Barbosa et al., 2006) e o Estudo Pietà (Vale et al., 2018; Caramelli et al., 2011), conduzidos em Minas Gerais, fornecem dados epidemiológicos substanciais.


Estudo de Bambuí




Contexto


O Estudo de Bambuí foi realizado em 2001 e publicado em 2006 por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Bambuí está localizada a aproximadamente 270 km de Belo Horizonte e tinha uma população de 22.709 (IBGE, 2010) com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,799 (PNUD, 2000).


Metodologia


O estudo foi um componente do Estudo de Saúde e Envelhecimento de Bambuí (Bambuí Health and Aging Study, BHAS), projetado para identificar preditores de eventos adversos de saúde em idosos. Todos os residentes com 60 anos ou mais em 1º de janeiro de 1997 foram selecionados (n=1.742), e 1.606 participaram. A prevalência de parkinsonismo foi examinada em 2001 na população inicial sobrevivente (n=1.238). Um total de 864 indivíduos (72,8%) foram clinicamente avaliados, incluindo uma amostra aleatória que teve triagem negativa (n=197) e casos positivos (n=667).


Resultados


A prevalência de parkinsonismo foi de 7,2% (IC 95% 5,6-8,8%), sem diferenças significativas entre os gêneros. A prevalência de DP foi de 3,3% (IC 95%, 2,2–4,4%) e a de parkinsonismo induzido por medicamentos foi de 2,7% (IC 95%, 1,7–3,7).


Estudo Pietà




Contexto


Realizado entre janeiro e abril de 2008 em Caeté-MG, o Estudo Pietà envolveu 1.271 indivíduos com 75 anos ou mais. Caeté-MG, parte da Área Metropolitana de Belo Horizonte, possui um IDH de 0,789 e uma população de 39.000 (IBGE, 2007).


Metodologia


Os participantes responderam a questionários de saúde geral, além de passarem por avaliações clínicas, neurológicas, cognitivas e psiquiátricas. Um total de 639 indivíduos (51,1% da população-alvo; 64% mulheres) com uma média de idade de 81,4±5,2 anos participaram.


Resultados


O parkinsonismo foi identificado em 65 indivíduos, resultando em uma prevalência bruta de 10,7%. Os casos de parkinsonismo foram subclassificados em DP em 29,2%, parkinsonismo induzido por medicamentos em 12,3%, parkinsonismo vascular em 6,1% e demência com corpos de Lewy em 1,5%.


Análise Comparativa e Conclusão


Embora ambos os estudos revelem taxas significativas de prevalência de DP e parkinsonismo, Pietà apresenta uma taxa mais alta de 10,7% em comparação com os 7,2% de Bambuí. Essas diferenças podem ser atribuídas ao grupo etário mais idoso em Pietà e refletem o risco aumentado associado ao envelhecimento. Compreender a epidemiologia da DP nestes contextos diversos enriquece nossa compreensão do espectro da doença e auxilia no planejamento de saúde. Estudos adicionais são necessários para validar esses achados e explorar o papel de fatores genéticos e ambientais na patogênese da DP.




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