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Teste de Rotação Mental de Objetos

Atualizado: há 4 dias

O teste de rotação mental, conforme introduzido pelos paradigmas clássicos de Shepard e Metzler em 1971, constitui um instrumento fundamental para avaliação da função visuoespacial que tem demonstrado crescente aplicabilidade na diferenciação de doenças neurodegenerativas. Shepard e Metzler desenvolveram o conceito original através da apresentação de pares de objetos tridimensionais assimétricos compostos por cubos, onde os participantes deveriam determinar se os objetos eram idênticos ou imagens especulares, demonstrando uma relação linear entre o tempo de resposta e o grau de disparidade angular entre as figuras.

O teste foi posteriormente formalizado por Vandenberg e Kuse em 1978, criando o Mental Rotations Test (MRT) baseado na pesquisa original, utilizando desenhos em tinta nanquim de objetos tridimensionais apresentados em diferentes orientações ao redor do eixo vertical. As figuras cuboides tridimensionais do tipo Shepard e Metzler têm sido aplicadas em uma ampla gama de estudos sobre rotação mental, sendo particularmente úteis para investigar comportamentos espaciais em contextos cognitivos.

Na aplicação clínica para diferenciação de doenças neurodegenerativas, o teste de rotação mental tem demonstrado utilidade específica na identificação de comprometimento cognitivo leve e doença de Alzheimer. Pesquisadores estabeleceram que pacientes com doença de Alzheimer demonstram tempos de reação mais longos e menor precisão em tarefas de rotação mental comparados a adultos idosos saudáveis, sendo que o teste de rotação mental combinado com rastreamento ocular pode ser utilizado como ferramenta de triagem para pacientes com doença de Alzheimer ou comprometimento cognitivo leve. Suzuki et al. (2018) estabeleceram um novo sistema de triagem para demência através da avaliação da função visuoespacial, demonstrando que a razão RC durante uma tarefa de rotação mental é útil para discriminar pacientes com comprometimento cognitivo leve dos controles.

Na doença de Parkinson, pacientes demonstram desempenho reduzido no teste de rotação mental, com esforços recentes para utilizar esta tarefa como ferramenta de biomarcador cognitivo para doença de Parkinson de início precoce sem evidência de déficit cognitivo leve. O comprometimento visuoespacial é típico nos estágios iniciais da doença de Parkinson, manifestando-se como parte do padrão de comprometimento cognitivo que pode progredir para comprometimento cognitivo leve e posteriormente para demência.

A utilidade clínica do teste de rotação mental na diferenciação de doenças neurodegenerativas reside em sua capacidade de detectar alterações sutis na função visuoespacial que precedem declínios cognitivos mais evidentes. Estudos têm demonstrado que padrões anômalos de exploração visual podem ser detectados nos estágios mais iniciais do comprometimento cognitivo, mesmo antes que a deterioração manifesta se torne aparente, com o teste sendo capaz de detectar declínio cognitivo em estágio inicial com alta sensibilidade e especificidade. A tecnologia de rastreamento ocular combinada com tarefas de rotação mental oferece métodos não-invasivos para examinar funções cognitivas relacionadas aos movimentos oculares, demonstrando precisão diagnóstica promissora para distinguir entre adultos com comprometimento cognitivo leve, doença de Alzheimer e controles saudáveis.

O teste tem particular relevância para populações clínicas diversas, incluindo pacientes com traumatismo cranioencefálico, doença de Huntington, e outros transtornos neurodegenerativos, sendo que estudos de análise de rede neuropsicológica em pacientes com doença de Parkinson e comprometimento cognitivo leve revelam reorganização cognitiva específica que pode ser capturada através de paradigmas de rotação mental.






Referências:

  1. Shepard RN, Metzler J. Mental rotation of three-dimensional objects. Science. 1971;171(3972):701-703.

  2. Vandenberg SG, Kuse AR. Mental rotations, a group test of three-dimensional spatial visualization. Perceptual and Motor Skills. 1978;47(2):599-604.

  3. Peters M, Battista C. Applications of mental rotation figures of the Shepard and Metzler type and description of a mental rotation stimulus library. Brain Cogn. 2008;66(3):260-264.

  4. Suzuki A, Shinozaki J, Yazawa S, et al. Establishing a new screening system for mild cognitive impairment and Alzheimer's disease with mental rotation tasks that evaluate visuospatial function. J Alzheimers Dis. 2018;61(4):1653-1665.

  5. Yousaf T, Pagano G, Niccolini F, Politis M. Predicting cognitive decline with non-clinical markers in Parkinson's disease (PRECODE-2). J Neurol. 2019;266:1203-1210.

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  8. Haque RU, Manzanares CM, Brown LN, et al. VisMET: a passive, efficient, and sensitive assessment of visuospatial memory in healthy aging, mild cognitive impairment, and Alzheimer's disease. Learn Mem. 2019;26(3):93-100.

  9. Bueno APA, Sato JR, Hornberger M. Eye tracking - The overlooked method to measure cognition in neurodegeneration? Neuropsychologia. 2019;133:107191.

  10. Ferguson MA, Foley SF. Cognitive reorganization in patients with Parkinson's Disease and Mild Cognitive Impairment: a neuropsychological network approach. Sci Rep. 2024;14:79303.

 
 
 

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