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Ultrassonografia transcraniana do mesencĂ©falo e nĂșcleos da base



Introdução


O envelhecimento da população traz consigo novos desafios à neurologia. O esperado

aumento de incidĂȘncia das doenças neurodegenerativas e vasculares levarĂĄ, certamente,tambĂ©m a maior frequĂȘncia das sĂ­ndromes parkinsonianas. Estima-se, por exemplo, a partir da extrapolação do dado de prevalĂȘncia, que mostram 150-200 casos de doença de Parkinson a cada 100 mil habitantes, a existĂȘncia de cerca de 200 mil pacientes com a condição no Brasil.

Este crescente problema de saĂșde pĂșblica implicarĂĄ, por sua vez, em procura por mĂ©todos que possam solucionar a questĂŁo “diagnĂłstico precoce/tratamento neuroprotetor”, de maneira ĂĄgil e fidedigna, com baixo custo. A grande sobreposição de sintomas clĂ­nicos (bradicinesia, tremor, rigidez, instabilidade postural) em condiçÔes tais quais parkinsonismo induzido por drogas, parkinsonismo vascular, doença de Parkinson, tremor essencial e parkinsonismo atĂ­pico (nas fases iniciais), aumenta o desafio diagnĂłstico aos neurologistas. Nesse sentido, a sonografia transcraniana tem se mostrado um mĂ©todo promissor.


Desde a descrição, por Becker et al., 1995, do aumento da ecogenicidade da substĂąncia negra como achado ecogrĂĄfico da doença de Parkinson idiopĂĄtica, inĂșmeros estudos tĂȘm sido feitos, especialmente sob a liderança de Daniela Berg, na Universidade de Tuebingen, e Uwe Walter, na Universidade de Rostock, para classificar os achados de ultrassonografia transcraniana nas sĂ­ndromes parkinsonianas e testar a sua acurĂĄcia diagnĂłstica.

Este artigo tem o objetivo de reunir algumas informaçÔes disponĂ­veis na literatura cientĂ­fica mĂ©dica em um guia de referĂȘncia simples sobre a sonografia transcraniana.


Particularidades do Método


A sonografia transcraniana em modo B foi recebida com ceticismo pela comunidade

mĂ©dica, em parte pela crença de que um mĂ©todo que necessita se sobrepor a uma janela Ăłssea nĂŁo teria resolução espacial para ser comparado Ă  ressonĂąncia magnĂ©tica e Ă  tomografia computadorizada. No entanto, os achados tĂȘm sido sistematicamente reproduzido por grupos cientĂ­ficos independentes, consolidando o mĂ©todo como suplementar Ă queles tradicionais.


Aparelhos de ultrassom habitualmente usados e validados


O aparelho ultrassonogrĂĄfico deve incluir um transdutor “phased-array”, na frequĂȘncia de 1,8MHz a 3,5 MHz. Grande parte dos estudos foi realizada no aparelho “Siemens Sonoline Elegra”, porĂ©m vĂĄrios outros sistemas/aparelhos jĂĄ passaram por estudos de validação, como: Siemens (Sonoline Elegra, Sonoline CF, Acuson Antares, S2000), Advanced Technoly Laboratories(Ultramark 3000, Ultramark 9), Esaote MyLab25, General Electric (Logiq 7), Philips (HDI 5000, SONOS 4500, SONOS 5500, IU22), Toshiba (Aplio, SSH140A)



Técnica do exame


Posição do paciente e transdutor


O paciente Ă© avaliado em decĂșbito dorsal ou supino, com o examinador sentado prĂłximo a regiĂŁo cefĂĄlica da maca de exame. Para o exame de estruturas como o mesencĂ©falo, nĂșcleos da base e terceiro ventrĂ­culo, o transdutor deve ser posicionado em planos axiais prĂ©-definidos na janela acĂșstica temporal, na linha orbito-meatal. Ambos os lados devem ser avaliados.


Planos talĂąmico e mesencefĂĄlico


Para a visualização da estrutura mesencefĂĄlica, hipoecogĂȘnica e em formato de borboleta, rodeada pelas cisternas basais intensamente hiperecogĂȘnicas, o transdutor Ă©

posicionado de maneira paralela Ă  linha orbito-meatal (FIG1A). Para o exame dos nĂșcleos da base, inclina-se o transdutor superiormente cerca de 10 a 25 graus a partir do plano mesencefĂĄlico (FIG1B).


FIGURA 1 - Técnica para avaliação dos planos axais: (A) mesencefålico e (B) talùmico


Estruturas visualizadas/ecogenicidade de sinal


No plano mesencefĂĄlico, Ă© possĂ­vel visualizar a substĂąncia negra, a rafe mediana, o nĂșcleo rubro e o aqueduto cerebral, sendo os dois primeiros de maior importĂąncia clĂ­nica. É definida como hiperecogĂȘnica aquela estrutura que tenha aumento de ĂĄrea ou de intensidade de sinal em relação ao tecido circundante, e hipoecogĂȘnica aquela que tem a ĂĄrea ou a intensidade de sinal diminuĂ­dos. A avaliação de cada estrutura foi sistematizada em reuniĂŁo de consenso da European Society of Neurosonology and Cerebral Hemodynamics, publicada em 2007, com valores de referĂȘncia para cada estrutura passĂ­vel de avaliação.


Planimetria da substĂąncia negra


É avaliada sempre do lado ipsilateral ao transdutor. Estudos definiram como

normoecogĂȘnica se a ĂĄrea planimĂ©trica foi menor que 20 mm2, e hiperecogĂȘnica se a ĂĄrea for maior que 20mm2.



Hiperecogenicidade da substĂąncia negra

FIGURA 2 - Ecografia transcraniana do mesencéfalo evidenciando hiperecogenicidade bilateral da substùncia negra



LimitaçÔes do método


Em cerca de dois em cada dez pacientes, a janela temporal nĂŁo permite a visualização das estruturas na linha mĂ©dia, impedindo o exame. Como todo exame ultrassonogrĂĄfico, Ă© examinador dependente e dependente de experiĂȘncia, porĂ©m estima-se que um curto treinamento seja o suficiente para realiza-lo, o que possibilitaria a sua popularização.







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