O Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão Revisada (ACE-R) é uma ferramenta breve e abrangente de avaliação cognitiva, amplamente utilizada para rastreio e diagnóstico diferencial de demências, incluindo Doença de Alzheimer (DA) e Demência Frontotemporal (DFT). O ACE-R avalia cinco domínios cognitivos principais:
Atenção e Orientação: Itens como a identificação do dia, mês, ano, local e hora aproximada, além de tarefas de atenção como subtrações seriadas.
Memória: Inclui recordação imediata e tardia de palavras, aprendizado de nome e endereço, e memória retrógrada (nomes de figuras públicas).
Fluência Verbal: Tarefas de geração de palavras com base em categoria fonêmica (letra específica, como "P") e semântica (nomes de animais).
Linguagem: Nomeação de figuras, compreensão verbal e escrita, leitura, repetição e escrita espontânea.
Habilidades Visuais-Espaciais: Desenho de figuras geométricas (cubos, relógios), cópia de formas e tarefas perceptivas.
A pontuação máxima é de 100 pontos, subdividida pelos domínios citados. A avaliação inclui também os 30 pontos do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), permitindo que este seja extraído separadamente.
Características Específicas
Adaptação Cultural: Na versão brasileira, ajustes foram realizados para adequação ao contexto cultural e linguístico. Por exemplo, figuras familiares e endereços brasileiros foram utilizados.
Sensibilidade e Especificidade: Notas de corte, como <78 pontos, demonstraram sensibilidade de 100% e especificidade de 82,26% para diagnóstico de DA leve. A razão VLOM ((Fluência + Linguagem) / (Orientação + Memória)) auxilia no diagnóstico diferencial entre DA e DFT.
Aplicabilidade
O ACE-R é útil tanto para o diagnóstico precoce de demências quanto para diferenciação entre etiologias, com particular eficácia para distinguir entre padrões cognitivos de DA e DFT. Seu tempo médio de aplicação varia entre 15 e 20 minutos, sendo adequado para ambientes clínicos e de pesquisa.
Na tese de Viviane Amaral Carvalho sob orientação de Paulo Caramelli, são apresentados pontos de corte para o Exame Cognitivo de Addenbrooke - Versão Revisada (ACE-R) na versão brasileira, baseados em análises de sensibilidade, especificidade e curvas ROC. Esses valores são utilizados para o diagnóstico de demência, especialmente na Doença de Alzheimer (DA) em fase inicial, e para a diferenciação entre DA e Demência Frontotemporal (DFT).
Pontos de Corte Gerais para o ACE-R
Pontuação Total
< 78 pontos: Indicou alta sensibilidade (100%) e boa especificidade (82,26%) para o diagnóstico de DA leve.
Área sob a curva ROC: 0,947, o que demonstra uma excelente acurácia na diferenciação entre pacientes com DA leve e controles cognitivamente saudáveis.
Razão VLOM
> 3,22: Indicativo de DA. Apresentou:
Sensibilidade: 67,74%
Especificidade: 96,77%
Valor preditivo positivo (VPP): 91,73%.
< 2,2: Indicativo de DFT, com alta especificidade para essa condição.
Entre 2,2 e 3,2: Representa uma zona intermediária que pode incluir tanto DA quanto DFT ou outras formas de demência.
Subescalas e Idade/Escolaridade
Foram estabelecidos pontos de corte específicos para subescalas, mas ajustados considerando a influência de variáveis demográficas como idade e escolaridade.
Foi observada uma redução de desempenho em idosos mais velhos (≥80 anos) e em indivíduos com menor escolaridade (4 a 7 anos de estudo).
Amaral-Carvalho V. Addenbrooke’s Cognitive Examination–Revised (ACE-R): adaptação transcultural, dados normativos de idosos cognitivamente saudáveis e de aplicabilidade como instrumento de avaliação cognitiva breve para pacientes com doença de Alzheimer provável leve [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2009.
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