O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é um dos instrumentos de rastreio cognitivo mais utilizados mundialmente. Desenvolvido originalmente por Folstein, Folstein e McHugh em 1975, o teste se tornou uma ferramenta fundamental na prática clínica para a avaliação da função cognitiva e rastreio de quadros demenciais.
Características Principais:
O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) é uma ferramenta de aplicação rápida, com duração de 5 a 10 minutos, que avalia diferentes domínios cognitivos, incluindo orientação temporal e espacial, memória imediata e de evocação, atenção e cálculo, linguagem e capacidade construtiva visual. Com pontuação total de 30 pontos, é especialmente útil na Atenção Primária à Saúde por sua simplicidade, não exigir materiais especializados, poder ser aplicado por profissionais de saúde treinados, permitir o acompanhamento evolutivo do paciente e facilitar a comunicação entre profissionais por meio de uma linguagem padronizada.
No Brasil, o MEEM foi traduzido e adaptado por Bertolucci et al. em 1994, que realizaram um estudo inicial demonstrando a influência da escolaridade sobre os escores totais. Esta primeira publicação foi importante para o estabelecimento de pontos de corte diferenciados baseados no nível educacional da população brasileira, uma contribuição significativa para a precisão diagnóstica do instrumento no contexto nacional.
Pontos de Corte para a População Brasileira:
Analfabetos: < 19 pontos
1 a 3 anos de escolaridade: < 23 pontos
4 a 7 anos de escolaridade: < 24 pontos
7 anos ou mais de escolaridade: < 28 pontos
É importante ressaltar que o MEEM é um instrumento de rastreio e não de diagnóstico. Escores baixos indicam a necessidade de uma avaliação mais aprofundada, considerando sempre o contexto clínico completo do paciente.
O teste continua sendo objeto de estudos e adaptações, visando sua otimização para diferentes contextos culturais e educacionais. Seu papel na prática clínica permanece fundamental, especialmente considerando o envelhecimento populacional e o consequente aumento na prevalência de transtornos cognitivos e demências.
É essencial que os profissionais de saúde estejam familiarizados com sua aplicação correta e interpretação adequada, sempre considerando os fatores sociodemográficos e culturais que podem influenciar o desempenho do paciente no teste.
Referências:
Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. Mini-Mental State: a practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. J Psychiatr Res. 1975;12:189-198.
Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O Mini-Exame do Estado Mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7.
Brucki SMD, Nitrini R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3B):777-781.
Lourenço RA, Veras RP. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais. Rev Saude Publica. 2006;40(4):712-719.
Melo DM, Barbosa AJG. O uso do Mini-Exame do Estado Mental em pesquisas com idosos no Brasil: uma revisão sistemática. Cien Saude Colet. 2015;20(12):3865-3876.
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