Tempo de reação simples e de escolha
- Grupo de Estudos em Transtornos do Movimento
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Os testes de tempo de reação (TR) são ferramentas científicas que medem a velocidade com que nosso cérebro processa informações e comanda respostas motoras, capturando intervalos de milissegundos entre um estímulo e nossa reação. Sua história começou no século XIX quando o astrônomo Friedrich Bessel observou que diferentes observadores registravam tempos distintos ao cronometrar passagens estelares, descobrindo assim a "equação pessoal" - o tempo característico de cada indivíduo. Pioneiros como Helmholtz, Wundt e Galton transformaram essa observação em ferramenta psicológica, estabelecendo a cronometria mental como campo científico.
A evolução tecnológica foi marcante: do cronoscópio eletromagnético de Hipp em 1847, que revolucionou os laboratórios com precisão de milissegundos, até os sistemas atuais baseados em microcontroladores e smartphones, como o AuReTim, que alcança precisão de ±2 ms em equipamentos de baixo custo.
Existem diferentes modalidades de teste, cada uma avaliando aspectos específicos do processamento neural. O tempo de reação simples (TR-S) mede a velocidade básica do sistema nervoso com um único estímulo e resposta, enquanto os testes go/no-go avaliam controle inibitório exigindo decisões sobre quando responder ou não. Os testes de discriminação envolvem escolhas entre alternativas baseadas em características perceptuais, e os testes de escolha múltipla (TR-C) seguem a Lei de Hick, onde o tempo aumenta logaritmicamente com o número de opções disponíveis. Para avaliações prolongadas, os Continuous Performance Tests (CPT) mensuram atenção sustentada ao longo de séries extensas, enquanto o Psychomotor Vigilance Test (PVT) utiliza intervalos pseudorrandômicos para detectar lapsos de atenção e fadiga, sendo padrão-ouro em medicina do sono.
Clinicamente, esses testes são fundamentais para diagnóstico e monitoramento de diversas condições neurológicas e psiquiátricas, desde TDAH e demências até os efeitos da privação de sono e lesões cerebrais. Na pesquisa, conectam tempo de reação com teoria da informação e atividade neural, enquanto aplicações práticas incluem seleção profissional, segurança no trânsito e treinamento esportivo. Os tempos típicos variam de 150-300 ms para reações simples até 500-1000 ms para escolhas complexas, sendo influenciados por idade, fadiga, medicamentos e estado de saúde geral. A democratização tecnológica atual permite que esses testes, antes restritos a laboratórios especializados, sejam acessíveis através de navegadores web e aplicativos móveis, mantendo a precisão científica necessária para pesquisa e diagnóstico clínico.
Referências:
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